Para celebrar o orgulho LGBTQIA+ a Efeito Mais preparou uma entrevista com o Matheus Felippe, especialista em inclusão da diversidade e Top Ser Humano pela ABRH/RS. Abaixo você confere o que ele falou sobre experiências no mercado de trabalho como homem gay e também confere algumas dicas para se reeducar e fazer parte da luta contra o preconceito sexual e de gênero.
Efeito+: Você já teve experiências ruins durante entrevistas de emprego ou no trabalho em si por conta de LGBTQIA+fobia?
Matheus: Já percebi aqueles "olhares" diferentes que direcionam a você, que só quem sofre preconceito, reconhece. Não me recordo de entrevistas onde fui discriminado diretamente por ser gay, porém já tive experiências onde já fui assediado verbalmente (as cantadas desnecessárias), bem como, olhares preconceituosos por causa da minha vestimenta e "jeito de ser" (principalmente por causa da voz e da maquiagem).
Efeito+: Quais ações você acha que poderiam ser feitas para melhorar o mercado de trabalho para a comunidade?
Matheus: Primeiramente, as políticas públicas precisam colocar nas ações escolares e disseminar por meio de campanhas públicas a importância do combate ao preconceito contra as diversas sexualidades. A própria palavra LGBTfobia está errada, pois fobia é algo tem relação ao estado de sentir medo de algo e o que a sociedade preconceituosa tem contra LGBTs é a ignorância. Portanto, a Educação Inclusiva precisa trazer o debate da inclusão, do respeito e, principalmente, do combate a discriminação sexual, de gênero e contra as sexualidades. Se tivermos uma nação educada com a temática da inclusão, com certeza teremos empresas mais preparadas e educadas a conviver e incluir a diversidade no mercado de trabalho. Outro ponto, seria a inclusão social, de fato, ou seja, realizar ações afirmativas ou metas sociais para potencializar a entrada da diversidade nas organizações. Propagandas inclusivas e representativas também contribuem para um mundo mais inclusivo no mercado de trabalho.
Efeito+: O que você acha que as empresas devem fazer para garantir a segurança e respeito dos funcionários, independente de orientação sexual, gênero, cor, religião, etc.?
Matheus: Deixar aquele discurso que "falar sobre diversidade é TABU ou algo delicado", de lado, e se permitir aprender e mostrar que quer aprender. É necessário sair do discurso e ir pra prática. A prática consiste em trazer todos os colaboradores da empresa para esse debate. Além disso, uma área que possa conduzir essa temática contribui para a assertividade de ações de inclusão na organização.
Efeito+: Você pode dar algumas dicas para quem quer se reeducar e aprender a conviver melhor com pessoas da comunidade no ambiente de trabalho?
Matheus: Desconstrua seus vieses, ou seja, observe se o que você pensa, afirma, diz, realmente não está discriminando alguém. Nem sempre os valores que aprendemos no nosso contexto de vida/familiar, são considerados “valor”. Além disso, conheça as leis que criminalizam a discriminação social, o preconceito e a desigualdade. Atualize-se! Utilize a internet para o bom conhecimento. E, acima de tudo, aproxime-se de quem é “diferente” de você. Conheça o diferente. Viva com a diversidade.
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