A Lei de Cotas para inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho completou 30 anos em 2021. Após tantos anos o esperado seria um cenário muito mais desenvolvido, entretanto, a contratação e manutenção de funcionários PCDs ainda é muito estigmatizada. Encontramo-nos em uma realidade onde de 7 milhões de pessoas com deficiência aptas a trabalhar, apenas 486 mil encontram-se em empregos formais, número que representa apenas 1% do total de vínculos empregatícios no Brasil (RAIS, 2018).
Mas onde as organizações erram neste processo? Há a ideia equivocada de que a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho se resume apenas à entrada dessas pessoas na empresa, além disso, as cotas muitas vezes são preenchidas apenas como uma obrigação legal. No lugar de estabelecer como cultura o desenvolvimento de um ambiente corporativo plural, muitas empresas apenas captam funcionários com deficiência através de processos seletivos não especializados, os mantém em cargos básicos e não oportunizam o crescimento destes.
A contratação de pessoas com deficiência é capaz de trazer diversos benefícios para a empresa. Para além da construção de um ambiente de trabalho diverso e inclusivo, recentes pesquisas demonstram que as empresas que se debruçam sobre os valores de inclusão, boas práticas de trabalho e retenção de funcionários com deficiência apresentam melhores índices financeiros.
Um relatório desenvolvido pela Accenture em parceria com a Disability: IN e a AAPD revela que estas organizações chegam a possuir receita de até 28% maior, o dobro do lucro líquido e margens de lucro até 30% maior que as concorrentes que não possuem estes valores.
Considerando o beneficiamento que um modelo inclusivo é capaz de gerar para as organizações, é necessário olhar para essa temática de forma mais abrangente e menos capacitista. A inclusão, quando tomada como valor organizacional, tem potencial transformador para a empresa como um todo. Muito além do lucro financeiro, permite o crescimento pessoal e profissional dos colaboradores, gera grande impacto social e entra em contato com os ideais do público consumidor, transformando seu olhar sobre a empresa.
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